A partir das transformações no campo científico ocorridas na passagem do século XIX ao XX, muitas certezas foram abaladas, fazendo surgir novos questionamentos e reavaliações dos critérios de verdade e da validade dos métodos e teorias científicas.
A filosofia da ciência debruçou-se sobre essas questões. É interessante observar que, entre seus nomes mais significativos, estão muitos cientistas de vários ramos, que produziram reflexões sobre sua própria prática — e, nesse momento, são filósofos.
Critério da verificabilidade
Um grupo de cientistas que marcou a filosofia da ciência foi o chamado Círculo de Vina, formado na década de 1920 por cientistas de diversas áreas, tais como o físico alemão Moritz Schlick (1882-1936), os matemáticos alemães Hans Hahn (1879-1934) e Rudolf Carnap (1891-1970) e o sociólogo e economista austríaco Otto Neurath (1882-1945), entre outros.
O Círculo de Viena desenvolveu o neopositivismo, também denominado positivismo lógico ou ainda empirismo lógico, que pretendeu formar uma concepção científica do mundo isenta de qualquer especulação.
A filosofia da ciência debruçou-se sobre essas questões. É interessante observar que, entre seus nomes mais significativos, estão muitos cientistas de vários ramos, que produziram reflexões sobre sua própria prática — e, nesse momento, são filósofos.
Critério da verificabilidade
Um grupo de cientistas que marcou a filosofia da ciência foi o chamado Círculo de Vina, formado na década de 1920 por cientistas de diversas áreas, tais como o físico alemão Moritz Schlick (1882-1936), os matemáticos alemães Hans Hahn (1879-1934) e Rudolf Carnap (1891-1970) e o sociólogo e economista austríaco Otto Neurath (1882-1945), entre outros.
O Círculo de Viena desenvolveu o neopositivismo, também denominado positivismo lógico ou ainda empirismo lógico, que pretendeu formar uma concepção científica do mundo isenta de qualquer especulação.
"As proposições fatuais são, pois, o fundamento de todo saber, mesmo que elas precisem ser abandonadas no momento de transição para afirmações gerais. Estas proposições estão no início da ciência. O conhecimento começa com a constatação dos fatos." (Schlick, O fundamento do conhecimento, p. 46).
Em suas reflexões acerca do procedimento científico, enfatizou as exigências de clareza e precisão e propôs o critério da verificabilidade para validar uma teoria científica. Em outras palavras, a teoria, para ser aceita como verdadeira, deveria passar pelo crivo da verificação empírica.
Critério da refutabilidade
O austríaco naturalizado britânico Karl Popper (1902-1994), físico, matemático e filósofo da ciência, criticou o critério da verificabilidade e propôs como única possibilidade para o saber científico o critério da refutabilidade ou da falseabilidade.
De acordo com esse critério, uma teoria mantém-se como verdadeira até que seja refutada, isto é, até que seja demonstrada sua falsidade, suas brechas, seus limites. Para Popper, nenhuma teoria científica pode ser verificada empiricamente pelo método indutivo. Isso porque,
"[...] do ponto de vista lógico, não é nada óbvio que se justifique inferir assertivas universais a partir de assertivas singulares, por mais numerosas que sejam estas últimas. Com efeito, qualquer conclusão tirada desse modo sempre pode se revelar falsa: por mais numerosos que sejam os casos de cisnes brancos que possamos ter observado, isso não justifica a conclusão de que todos os cisnes são brancos." (Citado em Reale e Antiseri, História da filosofia, p. 1022).
Com essa afirmação, Popper indicou a condição transitória da validade de uma teoria, ou seja, determinada teoria é válida até o momento em que é refutada, mostrando-se sua falsidade. Somente a falsidade de uma teoria pode ser provada, mas nunca sua veracidade absoluta. Isso significa que a ciência possui apenas conjeturas (hipóteses) sobre a realidade, e não certeza definitiva. Mas o conhecimento científico pode progredir em sua busca de explicar o real, sendo necessário, para isso, que as sociedades estejam abertas à liberdade de crítica e de pesquisa.
Outro ponto que Popper destacou em suas reflexões sobre o conhecimento científico foi que a mente não é uma "tábula rasa", como pensam os empiristas. Para ele, não existe observação pura, pois todas as observações são sempre realizadas à luz de pressupostos e de teorias prévias que o cientista traz consigo. E elas se confirmam ou não a partir de sua observação.
Rupturas epistemológicas
Outro filósofo importante no campo da ciência foi o francês Gaston Bachelard (1884-1962), que destacou a importância do estudo da história da ciência como instrumento de análise da própria racionalidade. Nessa pesquisa, a atividade científica é entendida como parte de um processo histórico amplo e que possui um caráter social.
De acordo com a análise de Bachelard, a ciência progride por rupturas epistemológicas quando supera obstáculos epistemológicos. Isso quer dizer que caminha por saltos que se caracterizam pela recusa dos pressupostos e métodos que orientavam a pesquisa anterior (sustentando os erros estabelecidos), pois esses pressupostos e métodos atuavam como obstáculos, como entraves ao avanço do conhecimento. Esses obstáculos podem se dever a hábitos socioculturais cristalizados, a dogmatizações de teorias que freiam o desenvolvimento da ciência, entre outros fatores.
Exemplos de ruptura epistemológica são os da física quântica e da teoria da relatividade, que formularam uma nova maneira de conceber o espaço e o tempo, como resposta aos obstáculos representados pela física newtoniana.
Bachelard destacou também o papel da imaginação e da criatividade como elementos imprescindíveis à prática científica.
Paradigmas e revoluções científicas
Por sua vez, o estadunidense Thomas Kuhn (1922-1996), físico e filósofo da ciência, desenvolveu sua teoria acerca da história da ciência entendendo-a não como um processo linear e evolutivo, mas como uma sucessão de paradigmas que se confrontam entre si. Paradigma, em sua definição, é um conjunto de normas e tradições dentro do qual a ciência se move, durante um determinado período e em certo contexto cultural.
No seu livro A estrutura das revoluções científicas (1962), Kuhn sustenta a tese de que a ciência se desenvolve durante certo tempo a partir da aceitação, por parte da comunidade científica, de um conjunto de teses, pressupostos e categorias que formam seu paradigma.
Em determinados momentos, porém, o paradigma se altera, provocando uma revolução que abre caminho para um novo tipo de desenvolvimento científico. Foi o que se deu, por exemplo, na passagem da física antiga à física moderna, ou ainda na passagem da física clássica (moderna) à física quântica. De acordo com Kuhn, é como se ocorresse uma nova reorientação da visão científica, na qual os elementos de um problema são inseridos em novas relações.
Thomas Kuhn também faz a distinção entre ciência normal e ciência extraordinária:
• ciência normal — é aquela que se desenvolve dentro de certo paradigma, acumulando dados e instrumentos em seu interior;
• ciência extraordinária — é aquela que surge nos momentos de crise de um paradigma. Surge como nova ciência, questionando os fundamentos e pressupostos da ciência anterior e propondo um novo paradigma.
No seu livro A estrutura das revoluções científicas (1962), Kuhn sustenta a tese de que a ciência se desenvolve durante certo tempo a partir da aceitação, por parte da comunidade científica, de um conjunto de teses, pressupostos e categorias que formam seu paradigma.
Em determinados momentos, porém, o paradigma se altera, provocando uma revolução que abre caminho para um novo tipo de desenvolvimento científico. Foi o que se deu, por exemplo, na passagem da física antiga à física moderna, ou ainda na passagem da física clássica (moderna) à física quântica. De acordo com Kuhn, é como se ocorresse uma nova reorientação da visão científica, na qual os elementos de um problema são inseridos em novas relações.
Thomas Kuhn também faz a distinção entre ciência normal e ciência extraordinária:
• ciência normal — é aquela que se desenvolve dentro de certo paradigma, acumulando dados e instrumentos em seu interior;
• ciência extraordinária — é aquela que surge nos momentos de crise de um paradigma. Surge como nova ciência, questionando os fundamentos e pressupostos da ciência anterior e propondo um novo paradigma.
A partir das transformações no campo científico ocorridas na passagem do século XIX para o século XX, muitas certezas foram abaladas, fazendo surgir novos questionamentos e reavaliações dos critérios de verdade e da validade dos métodos e das teorias científicas. A filosofia da ciência debruçou-se sobre essas questões. É interessante observar que, entre seus nomes mais significativos, estão muitos cientistas de vários ramos, que produziram reflexões sobre sua própria prática – e, nesse momento, também são filósofos. Sobre a concepção científica contemporânea dos filósofos Karl Popper e Thomas Kuhn, seguem as afirmativas abaixo: *
ResponderExcluir8 pontos
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a) apenas II está incorreta.
b) apenas III e V estão corretas.
c) apenas I, III e V estão corretas.
d) apenas I, III e IV estão corretas.