Nem sempre foi assim. Como vimos aqui a relação dos seres humanos com a natureza e o universo era distinta no passado. Predominavam a percepção de que as pessoas são parte da natureza e a noção de que a razão humana constitui apenas uma expressão da racionalidade universal.
Como analisou o historiador da ciência estado-unidense Morris Berman (1944-), antes da revolução científica, ocorrida a partir do século XVI, as pessoas viviam em um "mundo encantado", onde pedras, árvores e rios eram vistos como portadores e doadores de vida. E elas se sentiam em casa nesse mundo maravilhoso e ordenado (o cosmos). Assim, cada uma participava diretamente da trama da vida. Seu destino pessoal estava ligado ao cosmos, e essa inter-relação conferia sentido à vida de todos. Havia, enfim, entre o ser humano e a natureza uma integração psíquica que há muito deixou de existir. Com o progressivo "desencantamento" do mundo, vinculado à mentalidade científica vigente — de separação radical entre observador e objeto observado —, o ser humano tornou-se um estranho na natureza: se não dou minhas experiências e minhas conclusões sobre o mundo, não faço parte deste mundo (cf. Berman, The reenchantment of the world).
A reação a essa visão de mundo, que coloca o ser humano como centro de todas as coisas e de todos os interesses (antropocentrismo) — taxada de reducionista por seus críticos —, tem ocorrido dentro dos animais como em algumas das novas abordagens da ciência nas últimas décadas (mais holistas)
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