Arthur Schopenhauer |
Obviamente, a única conquista final e radical da vontade deve estar em deter a fonte da vida ― a vontade de reproduzir-se. "A satisfação do impulso reprodutor é externa e intrinsecamente repreensível, porque é a mais forte afirmação da ânsia de viver." (In Wallace, p. 29). Que crime essas crianças cometeram, para terem de nascer?
Se, agora, contemplamos o torvelinho da vida, vemos todos ocupados com as privações e misérias da existência, usando o máximo de seus esforços para satisfazer-lhe as infinitas necessidades e evitar as múltiplas aflições que ela proporciona, mas sem ousar ter esperanças de outra coisa que não simplesmente a preservação dessa atormentada existência por um curto espaço de tempo. Nesse ínterim, porém, e em meio a esse tumulto, vemos os olhares de dois amantes se encontrarem, desejosos; no entanto, por que tão secreta, receosa e furtivamente? Porque esses amantes são os traidores que procuram perpetuar todas as privações e todo o trabalho baixo e servil que, do contrário, chegaria rapidamente ao fim; (...) está aqui a profunda razão para a vergonha ligada ao processo da geração.
Aqui, a mulher é a culpada; porque quando o conhecimento tiver chegado ao ponto em que há ausência de vontade, seus irrefletidos encantos tornarão a atrair o homem para a reprodução. A juventude não tem compreensão suficiente para perceber quanto esses encantos devem ser breves; e quando vem a compreensão, é tarde demais.
Com as moças, a Natureza parece ter tido em vista o que, na linguagem do teatro, é chamado de efeito de impacto; uma vez que durante alguns anos ela as dota de uma abundância de beleza e é pródiga na distribuição de encantos, à custa de todo o resto da vida delas, para que durante aqueles anos elas possam captar a simpatia de algum homem a ponto de fazer com que ele se apresse a assumir o honrado dever de cuidar delas (...) enquanto viverem ― um passo para o qual não pareceria haver uma justificativa suficiente, se ao menos a razão dirigisse os pensamentos do homem. (...) Aqui, como em outra parte qualquer, a Natureza age com a sua economia usual; porque assim como a fêmea das formigas depois da fecundação perde as asas, que então são supérfluas, ou mais são na verdade um perigo para a atividade reprodutora, a mulher, depois da dar à luz um ou dois filhos, em geral perde a beleza; provavelmente, mesmo, por idênticas razões (Ensaio sobre as Mulheres, p. 73).
Os rapazes deveriam refletir que "se o objeto que os inspira, hoje, a escrever madrigais e sonetos tivesse nascido dezoito anos antes, dificilmente iria merecer deles um simples olhar". Afinal, os homens são muito mais bonitos, de corpo, do que as mulheres.
Só um homem com o intelecto toldado pelo impulso sexual poderia dar o nome de o belo sexo a essa raça de pequena estatura, ombros estreitos, quadris largos e pernas curtas; porque toda a beleza do sexo está vinculada a esse impulso. Em vez de chamar de bonitas as mulheres, seria mais justo descreve-las como o sexo inestético. Nem para a música, nem para a poesia, nem para as belas-artes elas têm real e verdadeiramente qualquer senso de suscetibilidade; trata-se de mero simulacro se elas fingem ter esse senso a fim de ajudar seus esforços no sentido de agradarem. (...) Elas são incapazes de um interesse puramente objetivo por qualquer coisa. (...) Os mais destacados intelectos de todo o sexo jamais conseguiram produzir uma única realização nas belas-artes que seja realmente autêntica e original; ou dar ao mundo qualquer trabalho de valor permanente em qualquer esfera (Ensaio sobre as Mulheres, p. 79).
Essa veneração das mulheres é um produto do cristianismo e do sentimentalismo alemão; e é, por sua vez, uma das causas do movimento romântico que exalta o sentimento, o instinto e a vontade acima do intelecto. Os asiáticos não caem nessa e reconhecem francamente a inferioridade da mulher. "Quando as leis deram às mulheres os mesmos direitos dos homens, também deveriam tê-las dotado de intelectos masculinos." (Ensaio sobre as Mulheres, p. 84). Uma vez mais a Ásia demonstra uma honestidade mais refinada do que a nossa em suas instituições matrimoniais; ela aceita como normal e legal o costume da poligamia, que, embora tão amplamente praticado entre nós, há coberto com uma frase a título de folha de parreira: ("Onde existem monógamos de verdade?"). E que absurdo, dar direitos de propriedade às mulheres! "Todas as mulheres têm, com raras exceções, tendência para a extravagância", porque vivem apenas no presente e seu principal esporte ao ar livre é fazer compras. "As mulheres acham que cabe aos homens ganhar dinheiro, e a elas, gastá-lo"; é esta a concepção que elas têm da divisão do trabalho. "Sou, portanto, de opinião que as mulheres nunca devem ter permissão para gerir seus negócios, devendo estar sempre sob supervisão masculina, seja do pai, do marido, do filho, ou do Estado ― como é o caso do Indostão; e que, em consequência, nunca deverão receber plenos poderes para se desfazerem de qualquer propriedade que não tenha sido adquirida por elas." (In Wallace, p. 80. Um eco do descontentamento de Schopenhauer com a extravagância de sua mãe). Foi provavelmente o luxo e a extravagância das mulheres da corte de Luís XIII que provocou a corrupção generalizada do governo que culminou na Revolução Francesa (Ensaio sobre as Mulheres, p. 89).
Quanto menos nos metermos com as mulheres, então, melhor. Elas não são nem mesmo um "mal necessário" (Frase de Carlyle); a vida é mais segura e tranquila sem elas. Quando os homens reconhecerem a cilada que há na beleza das mulheres, a absurda comédia da reprodução acabará. A evolução da inteligência irá enfraquecer ou frustar a vontade de reproduzir-se e, com isso, conseguir finalmente a extinção da raça. Nada poderia formar um desfecho mais belo para a insana tragédia da vontade inquieta ― por que deveria a cortina que acaba de baixar sobre a derrota e a morte tornar sempre a subir para uma nova vida, uma nova luta e uma nova derrota? Por quanto tempo seremos atraídos para essa tempestade em um copo d'água, essa interminável dor que leva apenas a um doloroso fim? Quando teremos a coragem de desafiar cara a cara a Vontade ― e de dizer-lhe que a beleza da vida é uma mentira e que o maior de todos os benefícios é a morte?
A História da Filosofia, de Will Durant
Aqui, a mulher é a culpada; porque quando o conhecimento tiver chegado ao ponto em que há ausência de vontade, seus irrefletidos encantos tornarão a atrair o homem para a reprodução. A juventude não tem compreensão suficiente para perceber quanto esses encantos devem ser breves; e quando vem a compreensão, é tarde demais.
Com as moças, a Natureza parece ter tido em vista o que, na linguagem do teatro, é chamado de efeito de impacto; uma vez que durante alguns anos ela as dota de uma abundância de beleza e é pródiga na distribuição de encantos, à custa de todo o resto da vida delas, para que durante aqueles anos elas possam captar a simpatia de algum homem a ponto de fazer com que ele se apresse a assumir o honrado dever de cuidar delas (...) enquanto viverem ― um passo para o qual não pareceria haver uma justificativa suficiente, se ao menos a razão dirigisse os pensamentos do homem. (...) Aqui, como em outra parte qualquer, a Natureza age com a sua economia usual; porque assim como a fêmea das formigas depois da fecundação perde as asas, que então são supérfluas, ou mais são na verdade um perigo para a atividade reprodutora, a mulher, depois da dar à luz um ou dois filhos, em geral perde a beleza; provavelmente, mesmo, por idênticas razões (Ensaio sobre as Mulheres, p. 73).
Os rapazes deveriam refletir que "se o objeto que os inspira, hoje, a escrever madrigais e sonetos tivesse nascido dezoito anos antes, dificilmente iria merecer deles um simples olhar". Afinal, os homens são muito mais bonitos, de corpo, do que as mulheres.
Só um homem com o intelecto toldado pelo impulso sexual poderia dar o nome de o belo sexo a essa raça de pequena estatura, ombros estreitos, quadris largos e pernas curtas; porque toda a beleza do sexo está vinculada a esse impulso. Em vez de chamar de bonitas as mulheres, seria mais justo descreve-las como o sexo inestético. Nem para a música, nem para a poesia, nem para as belas-artes elas têm real e verdadeiramente qualquer senso de suscetibilidade; trata-se de mero simulacro se elas fingem ter esse senso a fim de ajudar seus esforços no sentido de agradarem. (...) Elas são incapazes de um interesse puramente objetivo por qualquer coisa. (...) Os mais destacados intelectos de todo o sexo jamais conseguiram produzir uma única realização nas belas-artes que seja realmente autêntica e original; ou dar ao mundo qualquer trabalho de valor permanente em qualquer esfera (Ensaio sobre as Mulheres, p. 79).
Essa veneração das mulheres é um produto do cristianismo e do sentimentalismo alemão; e é, por sua vez, uma das causas do movimento romântico que exalta o sentimento, o instinto e a vontade acima do intelecto. Os asiáticos não caem nessa e reconhecem francamente a inferioridade da mulher. "Quando as leis deram às mulheres os mesmos direitos dos homens, também deveriam tê-las dotado de intelectos masculinos." (Ensaio sobre as Mulheres, p. 84). Uma vez mais a Ásia demonstra uma honestidade mais refinada do que a nossa em suas instituições matrimoniais; ela aceita como normal e legal o costume da poligamia, que, embora tão amplamente praticado entre nós, há coberto com uma frase a título de folha de parreira: ("Onde existem monógamos de verdade?"). E que absurdo, dar direitos de propriedade às mulheres! "Todas as mulheres têm, com raras exceções, tendência para a extravagância", porque vivem apenas no presente e seu principal esporte ao ar livre é fazer compras. "As mulheres acham que cabe aos homens ganhar dinheiro, e a elas, gastá-lo"; é esta a concepção que elas têm da divisão do trabalho. "Sou, portanto, de opinião que as mulheres nunca devem ter permissão para gerir seus negócios, devendo estar sempre sob supervisão masculina, seja do pai, do marido, do filho, ou do Estado ― como é o caso do Indostão; e que, em consequência, nunca deverão receber plenos poderes para se desfazerem de qualquer propriedade que não tenha sido adquirida por elas." (In Wallace, p. 80. Um eco do descontentamento de Schopenhauer com a extravagância de sua mãe). Foi provavelmente o luxo e a extravagância das mulheres da corte de Luís XIII que provocou a corrupção generalizada do governo que culminou na Revolução Francesa (Ensaio sobre as Mulheres, p. 89).
Quanto menos nos metermos com as mulheres, então, melhor. Elas não são nem mesmo um "mal necessário" (Frase de Carlyle); a vida é mais segura e tranquila sem elas. Quando os homens reconhecerem a cilada que há na beleza das mulheres, a absurda comédia da reprodução acabará. A evolução da inteligência irá enfraquecer ou frustar a vontade de reproduzir-se e, com isso, conseguir finalmente a extinção da raça. Nada poderia formar um desfecho mais belo para a insana tragédia da vontade inquieta ― por que deveria a cortina que acaba de baixar sobre a derrota e a morte tornar sempre a subir para uma nova vida, uma nova luta e uma nova derrota? Por quanto tempo seremos atraídos para essa tempestade em um copo d'água, essa interminável dor que leva apenas a um doloroso fim? Quando teremos a coragem de desafiar cara a cara a Vontade ― e de dizer-lhe que a beleza da vida é uma mentira e que o maior de todos os benefícios é a morte?
A História da Filosofia, de Will Durant
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